Dicionário
Factóide do factoid
A Mailer o que não é de César
“Devemos ao prefeito Cesar Maia a palavra factóide.”
Márcio Moreira Alves, O Globo, 13/03/01
“O factóide não é uma falsificação”, explica Cesar Maia, autor do neologismo político,”
Revista Época, 18/01/2001.
O prefeito César Maia, do Rio, leva a fama de criador da palavra factóide, como atestam numerosas citações na imprensa, a exemplo destas acima, e até, indiretamente, no dicionário Aurélio. Por incrível que pareça, o recém-lançado Houaiss não registra a palavra – tampouco o Vocabulário Ortográfico da Academia. Mas ela está na boca do povo. Uma pesquisa no serviço de busca Google traz 532 citações em português e 101 mil em inglês. Em inglês? Sim, factoid, na língua original em que o termo foi forjado – à revelia da filologia do alcaide carioca.
Quem criou o neologismo foi o escritor americano Norman Mailer, no livro Marilyn – Uma biografia, de 1973, ano em que também foi publicado no Brasil, pela editora Civilização Brasileira, com tradução de Fernando de Castro Ferro. O próprio Mailer explicou a que vinha sua criação: “Fatos que não têm nenhuma existência antes de aparecer numa revista ou jornal.” A primeira entrada em cena se deu em frase lapidar, com o tradutor cortando o c do original: “Os fatóides, tal como as amebas, não têm árvore genealógica que possa ser investigada.”
30/10/2001